O aborto é condenável, que fique inicialmente claro, assim como é abominável a transformação da igreja em palco de alienação política, de doutrinação dos fiéis em prol ou contra determinado partido político ou candidato.
A atitude de 3 bispos da igreja católica, na Regional Sul 1 da CNBB, de assumirem explicitamente uma postura contra o PT, e, por conseqüência – dado que no bojo de uma eleição plebiscitária, de segundo turno - na prática, em favor de Serra, PSDB, DEM, PPS, pode levar a algo que não é desejável por muitos brasileiros: um cisma interno na Igreja Católica e a uma campanha anticlerical no Brasil, o que dependerá inclusive dos resultados eleitorais e outras atitudes.
. É, sem dúvida, uma caracterização de má-fé e partidarismo ao serrismo e das forças mais retrógradas do País, a campanha deste segmento da igreja católica, que é muito eficaz na luta contra o aborto dirigido só contra o PT.
. Ainda mais quando se constata que a gráfica impressora do panfleto é de membra histórica e familiare de pessoa da coordenação de campanha do PSDB. E, que conforme publicado na imprensa, a conta seria remetida para igreja.
. De fato, embora havendo notícias de aborto provocado pela mulher de Serra, no passado (que Serra, somente 5 dias depois "diz" não ser verdade, e duas alunas de Monica Serra, dizem ser fato revelado por ela em público), e sobre o qual ela recusou dar esclarecimentos), e de posicionamento de Serra determinando distribuição de kit abortivo quando era ministro da Saúde (o que ele não pode negar); estes bispos da Igreja Católica da Regional Sul, Comissão de Defesa da Vida, nada alardeiam sobre isto. Defesa "da Vida" acredite se quiser e de quem? do Serra?
. É patente ainda o uso de informações falsas na campanha de Serra. E nada estes 3 bispos da igreja católica da Regional Sul condena nisto.
. É público o uso político de Jesus na Campanha de Serra. E parece que esta prática agrada aos referidos bispos da CNBB Regional Sul.
. Por outro lado, há omissão de grandes segmentos da igreja quanto às denúncias de pedofilia. Um crime que estava (ou está) em suas entranhas.
. Isto vem comprovar que, mesmo não seguindo a orientação da CNBB Nacional, estes 3 bispos paulistas tomaram uma posição de partido contra o PT e a favor de Serra, acobertando pedofilia, mentiras, aborto, gastos irregulares, a exploraçãso anterior de nossa riquezas, entre outras mazelas.
. Os bispos serristas sabiam que a publicação, mesmo impedida, traria estragos para a campanha de Dilma, pois a imprensa manipularia e manipulou os dados como se toda igreja católica fosse contra o PT.
. É preciso aprofundar o debate sobre esta questão, sem medo das represálias da igreja católica medieval, bem como combater estas e outras propagandas irregulares pró-Serra, amplamente divulgadas, que a Igreja Católica da Regional Sul só faz autocrícia após ser pega em flagrante violando a lei eleitoral.
. Pior é a CNBB SP que lava suas mãos, como Pilatos, deixando a decisão para Nunciatura, achando que é suficiente dizer que os bispos "não indicam nem vetam candidatos ou partidos" e enfatizam "que não patrocinam a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra" os que disputam as eleições presidenciais.
. É certo que este parcialismo tacanho de alguns bispos é condenável, assim como o aborto. E, ainda, muitos religiosos se sentem ofendidos com a decisão de imprensão contra a Dilma e submissa ao serrismo, sem ética louvável, tanto que após a reunião de 50 bispos da Regional Sul 1, houve a divulgação de uma nota de esclarecimento e desautorizando os panfletos.
Íntegra da NOTA DA CNBB REGIONAL SUL 1, APOS A APREENSÃO DA PROPAGANDA IRREGULAR PRÓ SERRA, FEITA NA GRÁFICA DA FILIADA DO PSDB, COM O TIMBRE DA CNBB.
Por ironia, assinada pelo mesmo bispo que consta como autor do documento contra o PT, e, na prática, favorável e submisso à candidatura de Serra.
Leia a seguir a íntegra desautorizando o uso dos panfletos:
"Os bispos católicos do Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), do Estado de São Paulo, em sintonia com a DECLARAÇÃO SOBRE O MOMENTO POLITICO NACIONAL, da 48ª Assembleia Geral da Conferência (Brasília, maio de 2010), esclarecem que não indicam nem vetam candidatos ou partidos e respeitam a decisão livre e autônoma de cada eleitor.
O Regional Sul 1 da CNBB desaprova a instrumentalização de suas Declarações e Notas e enfatiza que não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos.
Reafirma, outrossim, as orientações quanto a critérios e princípios gerais a serem levados em conta no discernimento sobre o momento político, já oferecidos pela 73ª Assembleia Geral do Regional Sul 1 (Aparecida, junho de 2010), expressos na Nota VOTAR BEM.
Recomenda, enfim, a análise serena e objetiva das propostas de partidos e candidatos, para que as eleições consolidem o processo democrático, o pleno respeito aos direitos humanos, a justiça social, a solidariedade e a paz entre todos os brasileiros.
Indaiatuba (Itaici), SP, 16 de outubro de 2010.
Dom Nelson Westrupp
Presidente do Conselho Episcopal Regional Sul 1
E Bispos do Regional Sul 1"